Teve o privilégio de experimentar os prazeres e as sensações que a vida lhe ofertou. Sorveu as delícias dos momentos aproveitados minimamente em cada instante das emoções indescritíveis. Era como se a dor estivesse sumido por completo ou viajado para um lugar distante sem passaporte nem passagem de volta. Enfim, encontrou de repente a vontade de viver, o sentido para seguir adiante impulsionado pelas paixões incessantes que explodem desproporcionadamente.
Agora podia vislumbrar novas paisagens, respirar aliviadamente e sentir a intensidade de tudo ao seu redor. Tinha a consciência de que aquelas percepções eram frutos de um novo estágio do seu SER, era como se estivesse metamorfoseando cada estrutura da sua individualidade. Já não se reconhecia e quem não o conhecesse iria se deparar com um alguém totalmente modificado pelo tempo, mesmo não sabendo quem era.
Pensou em descrever tudo, externar os instantes em verbalizações metafóricas carregadas de frases feitas. Primou pelo silêncio da voz mas gritou em expressões dos sentimentos em ações entorpecentes. Reencontrou elementos do seu passado distante em uma nova roupagem que até conseguiu digerir tudo como que em uma dupla personalidade ou quem sabe numa experiência bipolar. Estava envolto a várias pessoas mas se sentia sozinho, perdido bem no momento em que finalmente tinha se encontrado e por mais que se visse em uma posição confortável, teve que fazer escolhas intempestivas.
Tomou a atitude de se reinventar pois estava mais que decido a não sofrer novamente nem tão pouco ser a ferramenta causadora de futuras dores para os outros. No entanto, diante de qualquer escolha por mais simples que fosse as consequências poderiam ser demolidoras mas necessárias para o seu aprimoramento.
Quando se vive apenas movido pelas paixões estas podem impulsionar a velocidades exageradas. Quando se vive apenas direcionado por amores estes podem te orientar para as estradas mais adequadas. Por isso, não se deve dar exclusividade prioritária apenas a uma dessas vertentes, precisamos seguir adiante (paixão) e saber para onde estamos nos direcionando (amor) para que a vida tenha um sentindo, uma razão de ser, de estar, de ficar e de partir.