sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Era Um Anjo Caído na Estrada...


Como todos os dias que surgiam em meio aos lugares mais tranqüilos, aquele despertar reservava esperanças e vinha ainda carregado de bagagens que insistiam em ser transportadas. Rumou pela estrada em busca de preencher os espaços do tempo com os afazeres diários e apto a se deparar com novos acontecimentos. Tudo transcorria na mais santa paz até que avistou ao longe um corpo caído no acostamento e ao lado uma poça de lama. Pensou de imediato como aquela criatura escapou de não estar submersa naquela água empoçada que de tanto estar ali já tinha se transformado em má água (ou mágoas).


Parou e rapidamente observou que alguns passantes já estavam a socorrer aquela mulher, decidiu seguir o seu caminho e ao se afastar um pouco dali uma intuição acometeu seus pensamentos decidindo voltar e vê melhor o que estava acontecendo ou até mesmo ajudar.


Retornou com o ar e a responsabilidade de quem poderia resolver qualquer incidente ou direcionar as providências mais eficazes. Ao se aproximar ficou inicialmente sem saber o que fazer e com a ajuda de outra pessoa tentaram acordar aquela mulher que aos poucos gemia com dor no braço que estava enfaixado em ataduras já gastas. Levantaram com a delicadeza de quem precisasse de muito mais do que aquele apoio, mas esperavam que nada de ruim pudesse se agravar. Ao abrir os olhos a mulher se deparou com aquela cena onde vários curiosos já se acumulavam e como a despertar de um sonho bom (mesmo caída na estrada ao lado de uma poça de lama) teve que encarar o pesadelo de uma vida tão amarga e cruel.

Aceitou ser levada a um lugar mais seguro e sentada em um troco de árvore tomou um copo d’água, suas primeiras palavras foram de revolta contra o que ela dizia ser ao homem que lhe abandonara e que a tinha espancado. Estava visivelmente embriagada e os sentimentos de raiva, ódio e vingança se misturavam aquela aparência bêbada que fisicamente era notória mas que em sua alma estava mais esmolambada e desprezível. Ela tinha permitido que alguém a tirasse a sua dignidade, a sua paz, a sua identidade e principalmente a sua vida e, portanto agora estava como que “pagando” por escolhas mal feitas, mas que já não poderia voltar e refazer o seu passado.

Doeu vê a situação miserável a que chega uma pessoa, como se vai ao fundo do poço (e ao lado da lama), logo se pôde fazer suposições acerca da condição humana, da construção do ser em um mundo tão cheio de possibilidades mas que alguns preferem fechar as portas para a sorte traçando um destino sem volta, pois tudo é cheio de barreiras, de dificuldades e empecilhos que impendem seguir.

A prisão a que a natureza humana impõe encarcera até mesmo os sonhos mais simples; aquela mulher estava perdida, caída e mesmo tendo a ajuda de algumas almas caridosas ela tinha que levantar e seguir sozinha mas estava fraca, sem perspectivas, sem confiança e não tinha mais o que perder.
Era um anjo caído na estrada...  

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Não precisamos de finais para a FELICIDADE...

E essas dicotomias que invadem nossas vidas  e que chegam a intrigar as decisões mais acertadas sem deixar espaço para nada, pois nada mais cabe nas entrelinhas de uma existência que está sempre à procura de escaladas cada vez mais audazes. É assim e tem que ser assim!!! Dizem os céticos e os acomodados com a rotina monótona de uma vida sensata sem emoção. No entanto, podemos fazer e ser diferentes e moldar as quatro estações em prol dos nossos prazeres e fazer tudo fluir livremente de uma forma que a vida transcorra levemente com a suavidade de uma pluma em um vento tranquilo que sem pressa de pousar.
Não tenho dúvidas e sei que ao chegar aonde eu nem saberia para onde ir, apenas sinto que este é o lugar, é a canção que preciso ouvir, é o sentimento que precisa aflorar e é com quem eu quero estar. É o AMOR a se fazer presente a me dizer que tenho muito mais do que isso para experienciar, que acontecimentos melhores ainda virão e que preciso estar cada vez mais lapidado, perceptivo e atento para absorver tudo em seus mais minuciosos detalhes.
Sinto como se em cada momento a vida me quisesse dizer algo, me mostrar um mundo que até então eu desconheço mas que em minhas conjecturas eu já penso saber de tudo. Puro engano, e por um segundo tudo muda, as coisas ficam diferentes e o que precisamos é a capacidade de adequação a tudo o que se apresenta. 
Não é o fim do mundo e quando as nossas impressões se tornam verdadeiramente perceptíveis tudo renasce e o que temos em volta de nós mesmos é algo inacreditável mas que existe.
É válido para alguns esperar o "Final Feliz" mas prefiro viver com a certeza de que não precisamos de finais para a FELICIDADE...