quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Atos que Desafiam a Morte

A brilhante diretora Gillian Armstrong explora a turnê britânica do maior ilusionista de todos os tempos neste suspense sobre a busca obsessiva de Harry Houdini por uma prova de vida após a morte. Houdini (Guy Pearce) é um astro internacional e sua incrível habilidade de contornar a realidade encanta audiências do mundo todo. Isolado pela fama e mergulhado em arrependimento, Houdini lança um desafio com o pagamento de uma alta recompensa para aquele que descobrir as últimas palavras de sua falecida mãe. Sua determinação o leva a ser alvo de vários golpistas. Entre eles, Mary McGregor (Catherine Zeta-Jones) e sua filha Benji (Saoirse Ronan), que aparentam possuir grandes poderes sobrenaturais, mas que na verdade têm motivos bem diferentes para cativar um relacionamento com o famoso mágico.

Informações Técnicas:
Título no Brasil: Atos que Desafiam a Morte
Título Original: Death Defying Acts
País de Origem: Reino Unido / Austrália
Gênero: Suspense
Ano de Lançamento: 2007
Direção: Gillian Armstrong
Elenco: Catherine Zeta-Jones ... Mary McGarvie, Guy Pearce ... Harry Houdini

"Última Parada: 174"

“As últimas horas da vida de Sandro do Nascimento, 22 anos, o “seqüestrador do ônibus 174”, foram acompanhadas por milhões de pessoas através da TV. O enterro dele foi acompanhado por apenas uma pessoa – sua mãe adotiva.”

Baseado em fatos reais, Última Parada 174 é uma versão ficcional da da tragédia do Ônibus 174, quando o assaltante Sandro dominou os passageiros de um ônibus na Zona Sul do Rio de Janeiro. O filme retrata a vida do ex-menor de rua, assaltante e sobrevivente da Chacina da Candelária, os dramas vividos por ele, culminando com o desfecho trágico do seqüestro do ônibus da linha 174, em junho de 2000.

O diretor Bruno Barreto estava em Nova York quando viu o caso no ano 2000. Em 2002 José Padilha lançou um documentário sobre o sequestro da linha 174 e depois de entrar em contato com o próprio Padilha, ficou intrigado com alguns fatos e resolveu ir mais a fundo na história. Com isso lança o filme baseado na história real, focando na verdade no sequestrador e sua mãe e os problemas sociais que enfrentavam.

"Última Parada 174", de Bruno Barreto, traz no elenco Michel Gomes, Cris Vianna, Marcello Mello Jr. e Douglas Silva.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Filme: As Invasões Bárbaras (Les Invasions Barbares)

Esqueça as continuações caça-níqueis da matriz. Se você quer ver um filme que faça pensar, invista seu dinheiro e tempo em As Invasões Bárbaras.
O filme canadense... bem, na verdade se trata de um filme do Quebec, região francófona que há anos tenta tornar-se independente do Canadá, o filme recebeu os prêmios de melhor roteiro e melhor atriz (Marie-Josée Croze) em Cannes e concorreu na Palma de Ouro de 2003.
As Invasões Bárbaras retrata um drama pessoal para representar a desconstrução de ideologias nas mudanças do todo. Pode-se dizer que este filme é primo de Kolya, obra tcheca que retrata o encontro de um músico com um garoto russo através do acaso. Uma analogia à morte e ao novo, ao fim do comunismo e ao começo de uma nova república. Em As Invasões Bárbaras, o confronto pessoal de ideologias está no reencontro de um pai e seu filho. Se Kolya tratava do mundo pós-queda-do-muro, As Invasões Bárbaras questionam o mundo pós-queda-das-torres.
Rémy (Rémy Girard), mesmo personagem de "O Declínio do Império Americano - Le Déclin de L'Empire Américain" de 1986, é um professor universitário que está com uma doença terminal. Internado num hospital público ele espera a volta de seu filho Sébastien (Stéphane Rousseau) que opera numa financeira em Londres.
O choque entre o baby boomer que acreditou e desacreditou em todos os ismos de sua época com o yuppie é inevitável. Apesar disso, Sebastian faz de tudo para melhorar os últimos dias do pai. Remove-o do leito compartilhado e evita ainda que volte para o corredor do hospital.
Paciente no corredor? Mas o filme por acaso é brasileiro? Não se esqueça que, mesmo não sendo um país independente, o Quebec também faz parte da América Católica. Estatização, sindicatos corruptos, policia despreparada e religiosidade fazem do Quebec um país distante mas muito parecido com restante da América Latina.
Sebastian, após uma briga com um pai, reflete sua condição de futuro órfão. Ele corre contra o tempo para que Rémy tenha um final digno. Para isso, ele tem de subornar o sindicato e a direção do hospital para melhorar a sua estadia e consegue a conivência da polícia para comprar heroína para aliviar o sofrimento de seu pai, procedimento indicado por uma amigo medico. Possibilita ainda, sua irmã se comunicar com o pai; paga a visita de alunos que esnobaram Rémy em sua despedida da universidade por motivos de saúde e convoca os amigos antigos para fazer-lhe companhia.
O grupo de amigos e parentes que passa os últimos dias com Rémy, é formado por professores, antigas amantes, a ex-mulher e um casal gay. Nestes encontros são memoráveis os diálogos da geração que acreditou nas mudanças e que agora convive com guerras preventivas em nome da paz.
O filme questiona em doses variadas o antiamericanismo, o holocausto indígena, a eutanásia, a globalização, a discriminação das drogas e principalmente a permanência dos valores, os quais estão acima de qualquer ideologia. Principalmente a amizade entre pais e filhos que o dinheiro não compra. Parece propaganda mas não é.
Remy apega-se à vida e tem saudade desta antes mesmo de deixá-la. Saudade das conquistas, mulheres e ideologias.
Os homens passam e as obras ficam. Esta é a mensagem do filme As Invasões Bárbaras. E a saída está nas estantes para afugentar o fascismo velado nas primeiras leituras. Apesar de toda a burrice, de todos os fascilosófos dizendo que não há saída, apesar disso tudo, a sensibilidade e bom gosto sempre resistirão.
De arrepiar mesmo é sair do cinema num dia de sol e ver a imensa fila da próxima sessão.
Filme: As Invasões Bárbaras (Les Invasions Barbares)
Pais: Canadá (Quebec)
Idioma: Francês
Direção: Denys Arcand
Roteiro: Denys Arcand
Ano: 2003

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Pra ser mais EU

Parece difícil querer esconder o que realmente somos. Por mais que tentemos dissimular sentimentos e maquiar as palavras que podem vir camufladas em ações, tudo o que somos é o resultado do que elegemos diante da multiplicidade de possibilidades que pairam no ar.

Mas porque sempre temos que agir conforme os desejos dos outros? Cadê a individualidade que desde que chegamos ao mundo vem sendo construída ao longo de muito esforço, resignação e abdicações? Parece que em determinados instantes tudo isso é deixado de lado e temos que agir compulsoriamente da forma como somos obrigados sem ao menos ser consultados acerca das conseqüências acarretadas.

Tudo o que faço, o que busco, o que não realizo revela o que sou... E de repente minha vida deixa de ser as pretensas escolhas e passa ser uma apropriação dos julgamentos que os outros fazem acerca daquilo que constatam e acreditam ser a representação da minha verdadeira essência. Para quem pretensamente concebe uma vida pré-destinada parece simplório a tentativa de afirmar que é possível conhecer alguém em suas peculiaridades, mas acredito que isso não passa de uma ingenuidade ilusória visto que a complexidade do ser é tamanha que o próprio indivíduo nem mesmo é capaz de decodificar seus próprios pensamentos, pois suas percepções ainda são bastante insipientes.

Em meio a tantos questionamentos que venho fazendo ao longo de tudo o que tenho vivido e quem sabe ainda terei a oportunidade de viver, lá se vão anos e anos e em meio a isso estou envelhecendo, e aos poucos percebendo que ainda tenho que saber e fazer muita coisa para tornar-me o que realmente pretendo.... SER MAIS EU.

Pra ser mais eu tenho que tirar as amarras que penso ser proteções e ultrapassar os limites que retardam o meu crescimento, tenho que olhar minha imagem como sou e não a frustração do que não fui, tenho que parar de desejar o que ainda estar distante de ser realizado e apreciar as coisas simples que se oferecem a mim com uma grandeza de aproveitamento incomensurável.

Pra ser mais eu tenho que acreditar mais na tolerância e aceitar os outros como eles são e não como imagino e quero que eles sejam, tenho que aprender a silenciar no instante em que é necessário e não estragar tudo com palavras que ferem, tenho que entender que as lamentações demonstram inquietações mentais e que, portanto o melhor a fazer é seguir em frente em busca de novas realizações, tenho que estar ciente de que o remorso embora tardio constitui-se em uma oportunidade para a regeneração e consequentemente uma primeira tentativa de se alcançar uma felicidade plena.

Ancarlos Araujo

Pedi a DEUS

Um atleta norte-americano que ficou paralítico aos 24 anos de idade falou assim:

Não Recebi nada do que pedi,
Pedi a Deus para ser forte a fim de executar projetos grandiosos e ele me fez fraco para me conservar humilde,
Pedi a Deus para que me desse saúde para realizar grandes empreendimentos, ele me deu doença para compreendê-lo melhor
Pedi a Deus riqueza para tudo possuir e ele me deixou pobre para não ser egoísta
Pedi a Deus o poder para que os homens precisassem de mim e ele me deu humildade para que eu dele precisasse
Pedi a Deus tudo para gozar a vida e ele me deu a vida para gozar de tudo
Senhor! Não recebi nada do que pedi, mas me deste tudo que eu precisava e quase contra a minha vontade... as preces que não fiz foram ouvidas...
Louvado sejas meu DEUS!!!
Entre todos os homens ninguém tem mais do que eu...

Chaves, Chapolin e a Filosofia...

Muitos vem a tais sarais de filosofia para ouvir sobre Arquimedes e seus cálculos , Sócrates e seu saber de não saber , o sarcasmo corrosivo de Nicolau Maquiavel , destes entre tantos outros filósofos que podemos citar ,mas querendo inovar , só para quebrar a tradição de meus colegas e decidi falar de alguém vivo e não filósofo em prática de exercício mental convicto , e esse alguém de quem eu gostaria de comentar é Roberto Gomës Bolanõs , o então apelidado de chespirito { derivado latino americano de Willian Shakespeare , de tamanho idolatria a sua pessoa no México } pois seus ideais estão sempre presentes em nosso dia-dia e com isso venho lhes mostrar um pouco de sua metodologia fazendo com que eu lhes possa transformar o jeito de ver um seriado de televisão com outros olhos e dando ênfase a ironia , crítica social entre outras coisas mas que ele esconde em suas tão famosas ‘’comédias pastelões ‘’ que ele apresenta rindo e debochando de forma discreta de varias histórias e estórias assim contadas , coisas escondidas e comentários demais.
1-Sem apelação?
Sim, sem nenhuma apelação explicita, porém com muita ironia escondida por debaixo de seus contos e de suas personagens com as quais vou lhes demonstrar mais adiante pois até o fim desse resumo devo lhes mostrar como é que Chaves e Chapolin se encaixa em tamanho assunto como o da cultura da América Latina , que ele vai demonstrando em seus episódios.
2-As Personagens
Se eu fosse lhes mostra todas as personagens criadas por chespirito eu iria é lhes escrever um livro, não uma breve nota como meio desta que vos apresento, pois se formos somar todos os seus episódios passariam de mil e personagens chegariam a diversas dezenas, por isso eu só irei comentar sobre suas principais personagens para fins que possamos entender um pouco melhor da dialética de chespirito:
*Chiquinha: Personagem esperta, astuciosa de chespirito, vive fazendo mil artimanhas e assim se virando como toda criança pobre de país de terceiro mundo, chegando até a ser maldosa , mas , como todos sabemos todo o ying tem seu yang . Esta personagem levou um certo autor de desenhos animados a criar uma de suas maiores personagens , estou falando de Bartolomeu Simpson , ou simplesmente Bart , do desenho “Os Simpsons “ que também criou personagens como Homer Jay Simpson em base do eterno vagabundo Dom Ramón e do abestalhado herói de televisão o homem-abelha em cima do mais atrapalhado Chapolin.
*Kiko ou Quico: personagem que demonstra bastante ingenuidade para não apelarmos para termos mais chulos. Mas não se engane, o que ele tem de tolo ele também possui de maldoso , principalmente com o garoto Chaves2 o fazendo passar ainda mais fome com suas artimanhas conhecidas como o: ”quer?...Compra !”
*Professor Girafales: Há, esse sim, personagem trabalhador só que muito receoso com seus. arquetipo bem interessante , mostrando a pobreza de nosso povo, o latino americano , e mesmo assim a garra para tentar levar uma educação melhor para as crianças , mesmo com bastante sacrifício.
*Dna. Clotilde ou Bruxa do 71: Esta ai uma figura bem peculiar deste antigo seriado pois a intromissão de um elemento praticamente que sobrenatural é , no mínimo , intrigante para todos pois não seria a toa que chespirito colocaria o nome do canino desta senhora de satanás e sempre que este sumisse a obrigaria a dizer : “ Satanás , venha cá Satanás “ como podemos ver e ouvir em alguns episódios ,será que com isso chespirito não quis nos dizer que o diabo és o melhor amigo da bruxaria e por isso ele colocou tal nomenclatura no ser canino ?
*Dona Florinda: Está personagem mostra uma grande arrogância sobre os demais cidadãos da vila. Como América Anglo-Saxônica e também os tão em titulados países de primeiro mundo sobre a América Latina,e também mostra ela como a capitalização do comércio em metáforas como a do restalrante em que ela se vê no encargo de se livrar dos ratos que seria uma alusão de nossas empresas como apenas ratos para os outros.
*Sr. Barriga: Sujeito altamente bondoso, compassível, que também tem seus momentos de cólera e também és o senhor de tudo nesta vila , por isso eu acredito categoricamente que chespirito queria mostrar está questão imensa que é a Fé de modo mais fácil e escondido , mas mesmo assim está lá botando este senhor no papel do senhor , ou seja , Deus , que é sempre caridoso e piedoso mas tem horas que também mostra do que é capas.
*Sr. Madruga: sem dúvida a personagem mais aclamada da série pois e a que mais se identifica com o povo , pois , é apenas um vagabundo que não gosta de trabalhar , idêntico a personagem brasileira Jeca - Tatu que tem como base de educação igual a maioria do povo latino americano mais pobre .Sem cultura sem instrução é um retrato da maioria de nossos avós ou até mesmo pais que vivem levando as pancadas da vida,assim como nós, aqui neste seriado nas mãos de dona Florinda ,que luta para se Ter ao menos um teto e demonstrando uma enorme compaixão para com os outros no final das contas .também se espelha no Seu Madruga a ideologia da simplicidade punk , que muitos dizem que a banda Ramones só teria esse nome em homenagem a ele , o Seu Madruga .
*Chaves: personagem principal desta trama sem do posto como a criança abandonada nas ruas por ai fora sempre passando fome e lutando para não se abalar pela pobreza que lhe assola e tentar dar um tempo para ainda aproveitar ser criança.
*Chapolin: para defender os EUA foi criado o superman, e para nos defender? Somente um super-herói furreco que nos, países sub - desenvolvidos podemos pagar que seria a ser então o Chapolin Colorado combatendo vilões arquetipicamente preparados para um ‘’superman da vida’’, mas não para tal coisa que ousa se chamar de herói , que é o caso do Chapolin ,que de vez em quando conta com a ajuda de um superman mais parecido com os EUA que seria a ser o incrivelmente capitalista Super Sam que tem como frase símbolo: “time is money .”
3-Recontando Histórias e Estórias
Coisa que chespiríto sempre fazia nestas séries era ironizar tais momentos ridicularizando a descoberta da América, esculachando Branca-de-Neve e os Sete Anões, isso por que não disseainda de obras e fatos ta quão importante como Dom Quixote, Napoleão, cópias de clássicos do Charles Chaplin, peças como Fausto, obras de Beethovee, tornando-os altamente cômicos que, repito, não há algum tipo de apelação pesada, suja, grossa ou de mal gosto como vemos por ai hoje em dia circulando nos diversos meios de comunicação .A comédia que aqui é mostrada é tola o suficiente para se passar pelas mentes alheias a tais assuntos, se mostrando inefícas em certos termos de censura podendo-se passar livremente para as massas sem ser reprovada por qualquer autoridade pois, ao se ver tamanhas baboseiras não se imagina que tais comédias contenham tamanho poder de desalienação que cotenham tais palavras.
4-O Alto Aproveitamento e os Caminhos Que Irão se Abrir .
Pergunta-se a uma pessoa de baixo poder aquisitivo se ele já foi a um teatro ver uma peça clássica, na grande maioria das vezes ele responderá que não, pergunta-se então se ele já viu alguma peça clássica, a resposta continua a mesma, agora se pergunta se ele se lembra do episódio do Chapolin em que há o chirim e chiriom do diabo, daí sim, sua resposta será afirmativa e então se pergunta se ele sabia que tal episódio foi inspirado na peça clássica de “Fausto”, tal indivíduo se surpreende e então se pensa o seguinte: se não fosse tais programas como os de chespirito que tentam trazer átona os clássicos para que as grandes massas possam apreciar.
Mas também tem que se pensar em todos os outros casos, por exemplo: se passam no mesmo horário uma obra teatral e uma novela em seus últimos capítulos em horário nobre então se pergunta: “qual programação irá receber mais audiência ?”Não é preciso nem se pensar muito que a novela é que irá ganhar mais audiência que a obra teatral, e por isso é que está a beleza do Chaves e do Chapolin, essas séries são de maneira que todos gostem de assistir e ao mesmo tempo se faça com que as pessoas acabem aprendendo alguma coisa, e não se dá a desculpa de que os episódios são sempre os mesmos e que é tudo repetitivo mas se fossemos analisar todas as novelas que se passam nesses horários, e em todos os outros também, elas tem sempre os mesmos enredos, a mesma ladainha, seios e nádegas aparecendo cada vez mais em rede nacional em pleno meio-dia
5-Chegadas e Partidas
De um modo geral, podemos ver que chespirito queria por meio de suas obras mostrar o modo de vida do povo LA, mostrando nossas forças, fraquezas, vitórias e fracassos de modo que todos veríamos, do mais intelectual ao mais simples, sem deixar ninguém excluído só que com maneiras de se ver e se interpretar diferentes pois cada um tem seu jeito único de ser.
(Anderson da Cruz Moraes )

É Proibido!!!

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
Pablo Neruda (1904-1973)

Depoimento de Rita Lee

Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinham da vizinhança, da casa deBete, mocinha linda, que usava tranças. Levei apenas uma hora para saber o motivo.Bete fora acusada de não ser mais virgem, os irmãos a subjugavam em cima de sua estreita camade solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra.
Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nuncamais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem.Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintalda sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar noexame ginecológico.
O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadorano reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo.
Realmente esqueceu, morrendo tuberculosa. Estes episódios marcaram para sempre a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres.Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar.
Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bomsucesso nas passarelas do samba. Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de fancaria, provocaram em muitas outras mulheres (as baixinhas, as gordas, as de óculos) um sentimento de perda de auto-estima. Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, nojornalismo. E, no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é precisofeminilizar o mundo e torna-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela próprianatureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado porpistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas.Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem os meninos, parafortalecer sua virilidade e violência.
As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos desua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz. E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d’água e trouxas de roupa.
Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dosanos.Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São asmulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazerprevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.
Nem toda feiticeira é corcunda.
Nem toda brasileira é só bunda ..

Rita Lee (Compositora e Cantora)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

“Gaiolas e Asas” - Rubem Alves

Os pensamentos me chegam de forma inesperada, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche frequentemente eram também atacados por eles. Digo “atacados” porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, esse aforismo me atacou: “Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas”.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-las para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças… E elas, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, como dar o programa, fazer avaliações… Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra - e a domadoras com seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres.
Sentir alegria ao sair de casa para ir à escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha com os tigres.
Nos tempos de minha infância, eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando… O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca e pisava no poleiro. E era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os arames, batia as asas, crispava as garras e enfiava o bico entre os vãos. Na inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensangüentado… Sempre me lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas? Vão me falar sobre a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, que todos, tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor. Mas eu pergunto: nossas escolas estão dando uma boa educação? O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõem sem pensar é que os alunos ganham uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E, para testar a qualidade da educação, criam mecanismos, provas e avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é “dígrafo”? E os usos da partícula “se”? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante”? Qual a utilidade da palavra “mesóclise”? Pobres professoras, também engaioladas… São obrigadas a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata sua experiência com as escolas: “Fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido que eu deveria aprender. E aprender à sua maneira”.
O sujeito da educação é o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era “ferramenta” e “brinquedo” do corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender “ferramentas”, aprender “brinquedos”.
“Ferramentas” são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia-a-dia. “Brinquedos” são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma.
Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo da educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo.
Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer… Assim todo professor, ao ensinar, teria de se perguntar: “Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?” Se não for, é melhor deixar de lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos.
Há esperança…
Rubem Alves

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Viver é Plantar Sementes...

Os acontecimentos que somos acometidos ao longo da vida estão atrelados a todas as escolhas que fazemos e perpassam também as omissões que não tivemos a coragem para enfrentar. É comum encontrarmos significados para os sinais que nos deparamos em todas as partes e mais ainda quando somos nós mesmos que os interpretamos ao nosso bel prazer. Mas afinal de contas, qual é mesmo o sentido da vida?
Se buscarmos nas diversas religiões cada uma terá uma resposta condizente com a ideologia que é pregada para os seus seguidores e que consequentemente serve de sustentáculo para propagação de sua fé. Se pararmos para tentar entender o que o senso comum (conhecimento popular) diz a respeito desse sentido do viver, talvez o que veremos certamente é uma conformação para tudo o que estão passando e uma afirmação de que para estar vivo bastam seguir o que o mundo lhes oferece. Muito sensato não é? Nem tanto, pois para esse mesmo senso comum a vida não precisa ser questionada, afinal tudo é evidente.
E assim, passamos a vida toda experimentando momentos de prazer ou de dor, conhecendo pessoas que podem nos ser fiéis ou não, indo para lugares que para alguns são agradáveis ou que para outros não tem nenhum significado, e nem sempre temos a preocupação de perguntar até onde tudo isso vai dar. E aí chega um dia em que olhamos no retrovisor da nossa própria história e começamos a vislumbrar as curvas que representam os erros que praticamos e que ainda não tínhamos a consciência de que ferimos outras pessoas. Percebemos que é tarde demais e que não vale a pena ficar lamentando o que passou, pois não dispomos de ferramentas para o conserto.
Ao final de tudo o que passamos, constatamos que cada momento que tivemos representou uma pequena “semente” que foi sendo jogada nos lugares por onde passamos e que se ao final da jornada pudéssemos refazer todo o percurso teríamos a oportunidade de vislumbrar o resultado de cada coisa, convictos de que fomos responsáveis por toda a paisagem formada. Assim, devemos refletir acerca do que estamos fazendo (plantando) afim de que possamos no amanhã ter uma boa colheita.
Ancarlos Araujo

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Tudo ao Mesmo Tempo Agora!!!

Todos os momentos da vida nos levam sempre a um acúmulo de experiências que muitas vezes não sabemos como realmente utilizaremos e em qual momento será o mais adequado. Quando paro para pensar nas coisas que já fiz e tudo o que passei é que me vem um sentimento de que muito mais ainda virá. Somente lamento é claro tudo aquilo que a vida me tirou e que hoje tenho apenas na lembrança, mas como afirmam os poetas: “nem tudo é para sempre”...
Pois é justamente esse fluir que me atormenta e me traz a sensação de imediatismo e ansiedade, como se o meu desejo fosse de que tudo acontecesse ao mesmo tempo agora (como na música dos Titãs). É mais ou menos assim: ... Uma coisa de cada vez, tudo ao mesmo tempo agora...
Sei que devo esperar o curso do rio da vida seguir calmamente e ir consigo trazendo realizações e derrotas, mas como fazer isso se a vontade de apressar o passo é mais forte do que me pede a calma? Assim, passo então a buscar novas formas de enxergar o mundo sem que com isso eu possa alimentar tantas angústias. Às vezes é tão difícil falar, escrever, demonstrar com gestos ou quem sabe agir de forma a explicitar o que estar se sentindo, e então o silêncio me toma de conta como uma forma de arrebentar o som com um grito interior que ressoa nos corações mais sensibilizados com as dores dos que também sofre.
Sigo então traçando planos e sempre esperando que eles sejam realizados e me acostumando com aqueles que fracassaram, afinal de contas é na insistência das conveniências que vamos pinçando conquistas para moldarmos o que somos. Bons ou maus, sérios ou não, o que importa aqui é que somos hoje o que fizemos de todas as oportunidades que nos apresentaram a nossa frente. Viajo então em busca do meu eu que por descuido perco nos embaraços dos prazeres e dos desejos não saciados, mas que ficam impregnados no meu íntimo como ávidas.
Pode ser que em determinados instantes não consigamos ver aquela “luz no fim do túnel”, mas se tivermos a coragem de seguirmos imbuídos da tentativa incansável da mudança, novas possibilidades podem ser desfrutadas e lindas paisagens deslumbradas. Assim, não basta viver muito, pois o que a vida nos pede é apenas viver bem, e para isso a única exigência necessária é a paciência de que tudo se dará em seu momento adequado e na ocasião propícia.
Mesmo que eu não conquiste tudo o que estou disposto, tenho a consciência de que o que a mim for creditado não passa naquele instante do que fui merecedor de possuir, assim, continuo em busca de tudo o que me pertence e que em alguma circunstância me foi retirado.

Feliz 2009...