Esqueça as continuações caça-níqueis da matriz. Se você quer ver um filme que faça pensar, invista seu dinheiro e tempo em As Invasões Bárbaras.
O filme canadense... bem, na verdade se trata de um filme do Quebec, região francófona que há anos tenta tornar-se independente do Canadá, o filme recebeu os prêmios de melhor roteiro e melhor atriz (Marie-Josée Croze) em Cannes e concorreu na Palma de Ouro de 2003.
As Invasões Bárbaras retrata um drama pessoal para representar a desconstrução de ideologias nas mudanças do todo. Pode-se dizer que este filme é primo de Kolya, obra tcheca que retrata o encontro de um músico com um garoto russo através do acaso. Uma analogia à morte e ao novo, ao fim do comunismo e ao começo de uma nova república. Em As Invasões Bárbaras, o confronto pessoal de ideologias está no reencontro de um pai e seu filho. Se Kolya tratava do mundo pós-queda-do-muro, As Invasões Bárbaras questionam o mundo pós-queda-das-torres.
Rémy (Rémy Girard), mesmo personagem de "O Declínio do Império Americano - Le Déclin de L'Empire Américain" de 1986, é um professor universitário que está com uma doença terminal. Internado num hospital público ele espera a volta de seu filho Sébastien (Stéphane Rousseau) que opera numa financeira em Londres.
O choque entre o baby boomer que acreditou e desacreditou em todos os ismos de sua época com o yuppie é inevitável. Apesar disso, Sebastian faz de tudo para melhorar os últimos dias do pai. Remove-o do leito compartilhado e evita ainda que volte para o corredor do hospital.
Paciente no corredor? Mas o filme por acaso é brasileiro? Não se esqueça que, mesmo não sendo um país independente, o Quebec também faz parte da América Católica. Estatização, sindicatos corruptos, policia despreparada e religiosidade fazem do Quebec um país distante mas muito parecido com restante da América Latina.
Sebastian, após uma briga com um pai, reflete sua condição de futuro órfão. Ele corre contra o tempo para que Rémy tenha um final digno. Para isso, ele tem de subornar o sindicato e a direção do hospital para melhorar a sua estadia e consegue a conivência da polícia para comprar heroína para aliviar o sofrimento de seu pai, procedimento indicado por uma amigo medico. Possibilita ainda, sua irmã se comunicar com o pai; paga a visita de alunos que esnobaram Rémy em sua despedida da universidade por motivos de saúde e convoca os amigos antigos para fazer-lhe companhia.
O grupo de amigos e parentes que passa os últimos dias com Rémy, é formado por professores, antigas amantes, a ex-mulher e um casal gay. Nestes encontros são memoráveis os diálogos da geração que acreditou nas mudanças e que agora convive com guerras preventivas em nome da paz.
O filme questiona em doses variadas o antiamericanismo, o holocausto indígena, a eutanásia, a globalização, a discriminação das drogas e principalmente a permanência dos valores, os quais estão acima de qualquer ideologia. Principalmente a amizade entre pais e filhos que o dinheiro não compra. Parece propaganda mas não é.
Remy apega-se à vida e tem saudade desta antes mesmo de deixá-la. Saudade das conquistas, mulheres e ideologias.
Os homens passam e as obras ficam. Esta é a mensagem do filme As Invasões Bárbaras. E a saída está nas estantes para afugentar o fascismo velado nas primeiras leituras. Apesar de toda a burrice, de todos os fascilosófos dizendo que não há saída, apesar disso tudo, a sensibilidade e bom gosto sempre resistirão.
De arrepiar mesmo é sair do cinema num dia de sol e ver a imensa fila da próxima sessão.
O filme canadense... bem, na verdade se trata de um filme do Quebec, região francófona que há anos tenta tornar-se independente do Canadá, o filme recebeu os prêmios de melhor roteiro e melhor atriz (Marie-Josée Croze) em Cannes e concorreu na Palma de Ouro de 2003.
As Invasões Bárbaras retrata um drama pessoal para representar a desconstrução de ideologias nas mudanças do todo. Pode-se dizer que este filme é primo de Kolya, obra tcheca que retrata o encontro de um músico com um garoto russo através do acaso. Uma analogia à morte e ao novo, ao fim do comunismo e ao começo de uma nova república. Em As Invasões Bárbaras, o confronto pessoal de ideologias está no reencontro de um pai e seu filho. Se Kolya tratava do mundo pós-queda-do-muro, As Invasões Bárbaras questionam o mundo pós-queda-das-torres.
Rémy (Rémy Girard), mesmo personagem de "O Declínio do Império Americano - Le Déclin de L'Empire Américain" de 1986, é um professor universitário que está com uma doença terminal. Internado num hospital público ele espera a volta de seu filho Sébastien (Stéphane Rousseau) que opera numa financeira em Londres.
O choque entre o baby boomer que acreditou e desacreditou em todos os ismos de sua época com o yuppie é inevitável. Apesar disso, Sebastian faz de tudo para melhorar os últimos dias do pai. Remove-o do leito compartilhado e evita ainda que volte para o corredor do hospital.
Paciente no corredor? Mas o filme por acaso é brasileiro? Não se esqueça que, mesmo não sendo um país independente, o Quebec também faz parte da América Católica. Estatização, sindicatos corruptos, policia despreparada e religiosidade fazem do Quebec um país distante mas muito parecido com restante da América Latina.
Sebastian, após uma briga com um pai, reflete sua condição de futuro órfão. Ele corre contra o tempo para que Rémy tenha um final digno. Para isso, ele tem de subornar o sindicato e a direção do hospital para melhorar a sua estadia e consegue a conivência da polícia para comprar heroína para aliviar o sofrimento de seu pai, procedimento indicado por uma amigo medico. Possibilita ainda, sua irmã se comunicar com o pai; paga a visita de alunos que esnobaram Rémy em sua despedida da universidade por motivos de saúde e convoca os amigos antigos para fazer-lhe companhia.
O grupo de amigos e parentes que passa os últimos dias com Rémy, é formado por professores, antigas amantes, a ex-mulher e um casal gay. Nestes encontros são memoráveis os diálogos da geração que acreditou nas mudanças e que agora convive com guerras preventivas em nome da paz.
O filme questiona em doses variadas o antiamericanismo, o holocausto indígena, a eutanásia, a globalização, a discriminação das drogas e principalmente a permanência dos valores, os quais estão acima de qualquer ideologia. Principalmente a amizade entre pais e filhos que o dinheiro não compra. Parece propaganda mas não é.
Remy apega-se à vida e tem saudade desta antes mesmo de deixá-la. Saudade das conquistas, mulheres e ideologias.
Os homens passam e as obras ficam. Esta é a mensagem do filme As Invasões Bárbaras. E a saída está nas estantes para afugentar o fascismo velado nas primeiras leituras. Apesar de toda a burrice, de todos os fascilosófos dizendo que não há saída, apesar disso tudo, a sensibilidade e bom gosto sempre resistirão.
De arrepiar mesmo é sair do cinema num dia de sol e ver a imensa fila da próxima sessão.
Filme: As Invasões Bárbaras (Les Invasions Barbares)
Pais: Canadá (Quebec)
Idioma: Francês
Direção: Denys Arcand
Roteiro: Denys Arcand
Ano: 2003
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