quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Assédio moral afasta docentes das salas de aula

Casos recorrentes preocupam alunos, pais, gestores e outros integrantes da comunidade escolar

Com frequência, problemas de saúde afastam professores das salas de aula e as doenças vocais são as queixas mais rotineiras. No entanto, um levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual do Ceará (Mova-se) revelou que 70% dos casos de licenças dos professores podem estar associados a assédio moral.

De acordo com a coordenadora da Associação de Servidores da Secretaria da Educação do Ceará (Assec), a situação é grave e os maus-tratos já fazem parte da rotina dos educadores, bem como situações humilhantes e constrangedoras, que se repetem durante o ano letivo.

Para o secretário de Assuntos Educacionais do Sindicato dos Professores e Servidores da Educação do Ceará (Apeoc), Sérgio Bezerra, os casos não são individuais, chegando a um grande número de escolas reclamantes, especialmente na rede pública. O que pode ser explicado, segundo Bezerra, pela sobrecarga de cobrança por melhores resultados por parte dos gestores.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), um projeto de acompanhamento de doenças funcionais tem sido feito e os dados apontados em relatório não comprovam que o assédio moral seja a maior justificativa para licença médica. Entretanto, somente neste ano, duas denúncias de grande repercussão em escolas públicas já foram levadas à Seduc. Numa delas, a comunidade escolar está realizando protestos contra a direção. Trata-se da Escola de Ensino Fundamental e Médio Anísio Teixeira.

A comunidade escolar acusa a direção de atos severos e destemperados que, segundo ela, tem prejudicado a escola. Organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual do Ceará, um manifesto ocorre hoje, na unidade, tendo como ápice da programação um abraço simbólico no prédio.

Ouvidoria

Segundo funcionários, na manhã de ontem, a Seduc começou um processo de ouvidoria, na tentativa de averiguar os problemas na unidade. Ainda ontem, a direção da escola foi procurada pelo Diário do Nordeste, mas não houve pronunciamento.

De acordo com o coordenador, João Fontenele, a diretora não estava presente e só ela poderia dar respostas sobre o caso. Funcionários afirmam que o problema já havia sido comunicado à Superintendência de Educação de Fortaleza.

O outro caso, ainda aberto, é o da Escola de Ensino Profissionalizante Juarez Távora. Em maio deste ano, foi publicado no Diário Oficial do Estado do Ceará uma portaria com abertura de sindicância escolar na unidade de ensino. A fim de dar continuidade aos processos instaurados no mesmo ano, uma comissão foi formada para levantar dados sobre denúncias feitas ainda em abril.

ALERTA

"Os casos não são individuais, chegando a um grande número de escolas reclamantes"
Sérgio Bezerra
Secretário de Assuntos Educacionais da Apeoc

Fonte: Diário do Nordeste

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