Parece difícil querer esconder o que realmente somos. Por mais que tentemos dissimular sentimentos e maquiar as palavras que podem vir camufladas em ações, tudo o que somos é o resultado do que elegemos diante da multiplicidade de possibilidades que pairam no ar.
Mas porque sempre temos que agir conforme os desejos dos outros? Cadê a individualidade que desde que chegamos ao mundo vem sendo construída ao longo de muito esforço, resignação e abdicações? Parece que em determinados instantes tudo isso é deixado de lado e temos que agir compulsoriamente da forma como somos obrigados sem ao menos ser consultados acerca das conseqüências acarretadas.
Tudo o que faço, o que busco, o que não realizo revela o que sou... E de repente minha vida deixa de ser as pretensas escolhas e passa ser uma apropriação dos julgamentos que os outros fazem acerca daquilo que constatam e acreditam ser a representação da minha verdadeira essência. Para quem pretensamente concebe uma vida pré-destinada parece simplório a tentativa de afirmar que é possível conhecer alguém em suas peculiaridades, mas acredito que isso não passa de uma ingenuidade ilusória visto que a complexidade do ser é tamanha que o próprio indivíduo nem mesmo é capaz de decodificar seus próprios pensamentos, pois suas percepções ainda são bastante insipientes.
Em meio a tantos questionamentos que venho fazendo ao longo de tudo o que tenho vivido e quem sabe ainda terei a oportunidade de viver, lá se vão anos e anos e em meio a isso estou envelhecendo, e aos poucos percebendo que ainda tenho que saber e fazer muita coisa para tornar-me o que realmente pretendo.... SER MAIS EU.
Pra ser mais eu tenho que tirar as amarras que penso ser proteções e ultrapassar os limites que retardam o meu crescimento, tenho que olhar minha imagem como sou e não a frustração do que não fui, tenho que parar de desejar o que ainda estar distante de ser realizado e apreciar as coisas simples que se oferecem a mim com uma grandeza de aproveitamento incomensurável.
Pra ser mais eu tenho que acreditar mais na tolerância e aceitar os outros como eles são e não como imagino e quero que eles sejam, tenho que aprender a silenciar no instante em que é necessário e não estragar tudo com palavras que ferem, tenho que entender que as lamentações demonstram inquietações mentais e que, portanto o melhor a fazer é seguir em frente em busca de novas realizações, tenho que estar ciente de que o remorso embora tardio constitui-se em uma oportunidade para a regeneração e consequentemente uma primeira tentativa de se alcançar uma felicidade plena.
Ancarlos Araujo
Um comentário:
Simples, mas completo.
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