quinta-feira, 20 de maio de 2010

Racismo e Colonialismo

Na concepção europeia, desde a antiguidade clássica (Grécia, Roma...), o que distinguia os homens entre si não era propriamente a raça, mas a sua "Civilização". O civilizado era o que tinha direitos de cidadania na cidade-estado, Império, Reino. Era o que possuía uma Cultura, Religião, Organização Social, etc. Todos os outros, eram os "barbáros", isto é, os que não estavam ainda civilizados, ainda não tinham a dignidade de serem considerados como Homens. A missão dos primeiros era a de governar e submeter os segundos (escravizá-los) até que os mesmos adquirissem uma Cultura, Religião, Organização Social, em suma, fossem "civilizados" ascendendo assim à categoria de Homens.
A partir desta distinção, estabeleceu-se uma dicotomia entre civilizados e os incivilizados: De um lado temos Pessoas, com Cultura, Razão, História, Religião, etc. Do outro temos selvagens, brutos, sem história nem religião (os selvagens tem apenas crenças e superstições). Repara que estas ideias estão presentes em todo o colonialismo europeu até ao século XX, fazem parte de uma mesma mentalidade.
Os selvagens classificavam-se em "dóceis", "humildes", "bons" quando não oferecem resistência à sua assimilação ou fusão na cultura e na organização produtiva dos Civilizadores (Senhores, Patrões, Colonos, etc). Se se mostravam resistentes à Civilização são denominados de "rebeldes", "a-sociais", etc.
No século XVIII, na Europa, sob a influência dos cientistas do tempo (médicos, biólogos, físicos, etc ), desenvolvem-se as modernas concepções racistas. Fazem-se então medições ao cérebro individuos das diferentes raças, estudam-se e classificam-se as suas características fisiológicas, etc. A conclusão era a esperada: Os individuos nascem desiguais!. De acordo com a sua raça, uns nascem mais vocacionados para mandarem, outros para obedecerem. A desigualdade ente o homens passou a ser sustentada numa base cientifica pelos europeus. Sustentou-se igualmente a existência de raças superiores e raças inferiores. Na pratica legitimava-se o dominio colonial dos brancos (superiores) sobre os negros, indios, aborigenes, chineses, etc, etc (considerados biologicamente inferiores).
A cada raça foi atribuído um conjunto de características que correspondiam à sua especialização para o trabalho: o negro é forte , mas indolente; o chines é fraco, mas persistente, etc. Mais uma vez estas classificações serviam para legitimar o domínio dos brancos, e interiorizar nos respectivos povos um conjunto de características que fariam parte da sua natureza.
Cada negro não é definido como uma pessoa, com a sua própria individualidade, mas é igual a todos os negros da mesma tribo. É dócil ou rebelde, manhoso ou fiel, guerreiro ou pacífico, etc. Desta forma despersonalizava-se os indivíduos de raça negra, abolindo a sua identidade.
Este racismo, dito cientifico, não apenas legitimou a superioridade do branco sobre outras raças, mas legitimou igualmente a violência, extermínio e exclusão de todos aqueles que punham em causa o domínio da Cultura criada pelos brancos, ou resistiram à sua Integração na mesma. Mas esta é outra questão.

Racismo dos Africanos

Os africanos são racistas? Em princípio poderão ser tanto como os europeus, asiáticos, etc., desde que estabeleçam diferenças discriminatórias entre os seres humanos baseadas na cor da pele.
Admite-se que alguns movimentos políticos no século XX, tenham contribuído para desenvolver entre os africanos tendências racistas contra os brancos, como forma de estimular a criação de uma consciência da unidade cultural dos negros (Africanidade, Negritude, Poder Negro, etc).
A quase totalidade dos países africanos quando se tornaram independentes, explorou formas diversas de racismo como um modo de favorecer a coesão nacional entre negros.

(Carlos Fontes) Fonte: http://confrontos.no.sapo.pt/page7h.html

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