Canções, poemas e frases feitas
podem carregar um peso muito grande de intenções e vontades, mas ainda pecam por
não terem a verdadeira essência daquilo que seja a ação propriamente dita. Fico
a imaginar como vivemos constantemente ensaiando discursos para os momentos
propícios e até mesmo refazendo as letras de cada parágrafo imaginário afim de
ao falarmos possamos sair vencedores diante de um embate discursivo ou até
mesmo sempre levar vantagem na hora das imposições linguísticas.
Penso seriamente sobre a
necessidade de se compreender o motivo de um silêncio sem explicação que advém da
necessidade de amordaçar os pretensos sentimentos que poderiam ser revelados e
vivenciados em toda a sua plenitude. É certo que entre as palavras e os atos
existe um precipício que precisamos transpor em uma atitude de coragem que em
alguns casos nem queremos ao menos olhar para o fundo e como de impulso apenas
somos atirados ou nos lançamos sem medo do que poderá nos revelar.
Mas confesso que tem horas que me
canso de tantas palavras proferidas e de tão poucas ações a serem vivenciadas.
E falo isso com toda a honestidade, pois estou fazendo referência a mim mesmo,
ou quem mais caberia tal referência? Deve ser porque aos poucos venho assumindo
essa minha ansiedade que atualmente tenho tentado controlá-la (como as demais
tendências). Percebo que nos últimos tempos tenho gastado tantas palavras e tenho
falado tanto que chego à conclusão de que ainda tem tanta coisa para ser
transformada em ações que a melhor escolha no momento é silenciar por um tempo
para deixar acontecer, direcionar as atitudes e estar preparado para “enfrentar”
com fé e cautela os imprevistos que possam surgir.
Assim, poderei compreender melhor
e vivenciar mais intensamente cada instante que a vida me presenteia e que ao
longo de cada dia essa sucessão de momentos felizes se transforme em capítulos
da minha historicidade, em um entrecruzamento de palavras e atos, mas que acima
de tudo de sentimentos e emoções que valham à pena ser vividos.
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