
Eu acreditava tanto na esperança ao ponto de fazer planos para o futuro sem saber que o presente é que tem que ser vivido. Adotei sem querer dez ilusões que ficaram impregnadas no meu intelecto, más que posteriormente me frustraram:
1. Acreditei que a vida nunca iria prestar contas das minhas escolhas e que elas nem ao menos seriam preponderantes para o que sou e estou atualmente;
2. Pensei que iria conquistar tudo aquilo que um dia sonhei e hoje nem sei como distinguir sonho e pesadelo;
3. Esperava encontrar nas pessoas os mesmos sentimentos que por elas eu nutria;
4. Sentia um conforto espiritual pois não precisava me preocupar com as necessidades da vida, no entanto, me sinto invadido por uma grande perturbação;
5. Via-me cercado de pessoas que no momento em que mais precisei delas fui desprezado;
6. Tentei fazer o que de melhor pude e dar o que eu tinha de mais precioso e não fui reconhecido sequer pelo menor esforço que fiz;
7. Falei com muitas pessoas sobre tudo aquilo que elas queriam ouvir e escutei tudo o que tinham a dizer, por outro lado não tive sequer a atenção daqueles que mais precisei quando um grito de angústia estava preso em mim;
8. Desprezei os bens materiais em nome de uma crença no saber e nos dons que o conhecimento traz e hoje me sinto privado dos meios básicos da contemporaneidade;
9. Esforcei-me em corrigir os erros que cometi em nome de uma regeneração e o máximo que consegui foi tornar as coisas piores;
10. Busquei um autoconhecimento na tentativa de melhorar os meus atos e de me auscultar nos míninos detalhes nos instantes em que a dor se fazia presente e percebo que quanto mais mergulho no meu íntimo, sei menos do que preciso saber para ser o que sou.
Não sei ao certo o que posso esperar daqui em diante uma vez que a esperança não tem limitações, más prefiro acreditar que não tomarei uma postura pessimista uma vez que muitos acontecimentos ainda estão aguardando para vir à tona e o inesperado pode mudar o rumo das coisas.
Ancarlos Araujo. 16/Out/2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário