Muitas vezes fico a questionar se é melhor guardar os fatos, as idéias, os desejos, as frustrações, as realizações e os outros acontecimentos da vida na memória, ou se é melhor escrever, para que assim, possa ser eternizado por um determinado espaço de tempo. A vida não é nem nunca será da maneira como queremos ou sonhamos. Se já sabemos disso e por uma louca esperança preferimos ignorar, é que preferimos viver à margem da cruel realidade que aparece à todos os momentos sem pedir licença.
Creio que nem sei por que estou correndo todos os dias em busca de um ideal que em um dado momento será substituído por outro que nem sei se valerá à pena. Estou incerto se dependo das crenças externas ou se é preferível aceitar algo que penso ser inédito aos olhos dos outros. Más, fica sempre a interrogação: o que vale ser vivido? O presente transformado em prazer fútil e transitório ou o futuro almejado sem uma certeza plena. Sem esquecer do passado envolto a uma atmosfera maniqueísta onde, na incerteza de se querer reviver um dos lados ignoramos o lado doloroso, pois tememos que ele possa nos encontrar quem sabe nas próximas curvas da estrada que por ventura venhamos escolher.
E se de repente a melhor saída é mesmo guardar na memória todas as lembranças, para que, mesmo não sendo tão prazerosas sirvam quem sabe como um objeto escondido afim de que ninguém venha depois partilhar do que não queremos evidenciar? Se a revelação é o sinal de que somos confiáveis e podemos também confiar em alguém, então, por que não contar? Mesmo que seja através das palavras isso não importa, ficará sempre exposto até mesmo para aqueles que não te conheceram, mas que poderão identificar-se em cada sentimento e em cada vivência, como sendo algo que fez ou até mesmo como o que almeja fazer. Assim, tudo passa para um plano de cumplicidade entre aquele que escreve e quem lê.
E se a fala ao invés de ser tão frágil, pois se desmancha com os segundos, ficasse gravada como letras impressas à ferro e fogo na memória esquecida? E se entendêssemos o verdadeiro sentido daquelas frases ditas com um sentimento oculto más que por desatenção passa a ser mal interpretada por um desejo egoísta de querer ouvir apenas o que para ele é aceitável? A resposta para tudo isso é sem dúvida o querer evitar a transparência de sentimentos para que assim passemos a ser vistos e aceitos como queremos ser. Por fim, fica a vontade de querer dizer tudo o que se sente em apenas uma frase, más que por falta das palavras adequadas escolhemos que ela se forme da maneira mais sincera, no entanto, a forma mais eficaz por enquanto é calando.
Ancarlos Araujo (In: Cartas Para Ninguém. 04/Ago/2007)
Creio que nem sei por que estou correndo todos os dias em busca de um ideal que em um dado momento será substituído por outro que nem sei se valerá à pena. Estou incerto se dependo das crenças externas ou se é preferível aceitar algo que penso ser inédito aos olhos dos outros. Más, fica sempre a interrogação: o que vale ser vivido? O presente transformado em prazer fútil e transitório ou o futuro almejado sem uma certeza plena. Sem esquecer do passado envolto a uma atmosfera maniqueísta onde, na incerteza de se querer reviver um dos lados ignoramos o lado doloroso, pois tememos que ele possa nos encontrar quem sabe nas próximas curvas da estrada que por ventura venhamos escolher.
E se de repente a melhor saída é mesmo guardar na memória todas as lembranças, para que, mesmo não sendo tão prazerosas sirvam quem sabe como um objeto escondido afim de que ninguém venha depois partilhar do que não queremos evidenciar? Se a revelação é o sinal de que somos confiáveis e podemos também confiar em alguém, então, por que não contar? Mesmo que seja através das palavras isso não importa, ficará sempre exposto até mesmo para aqueles que não te conheceram, mas que poderão identificar-se em cada sentimento e em cada vivência, como sendo algo que fez ou até mesmo como o que almeja fazer. Assim, tudo passa para um plano de cumplicidade entre aquele que escreve e quem lê.
E se a fala ao invés de ser tão frágil, pois se desmancha com os segundos, ficasse gravada como letras impressas à ferro e fogo na memória esquecida? E se entendêssemos o verdadeiro sentido daquelas frases ditas com um sentimento oculto más que por desatenção passa a ser mal interpretada por um desejo egoísta de querer ouvir apenas o que para ele é aceitável? A resposta para tudo isso é sem dúvida o querer evitar a transparência de sentimentos para que assim passemos a ser vistos e aceitos como queremos ser. Por fim, fica a vontade de querer dizer tudo o que se sente em apenas uma frase, más que por falta das palavras adequadas escolhemos que ela se forme da maneira mais sincera, no entanto, a forma mais eficaz por enquanto é calando.
Ancarlos Araujo (In: Cartas Para Ninguém. 04/Ago/2007)
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